justiça
é um menino órfão
e travesso
que por vezes foge
de onde deveria estar
justiça
tem dificuldades
em ser adotado
um eterno adolescente
que pelos milênios passa
sem ter nunca achado casa
nem código que o alimente
justiça
vive na rua
nunca constituiu lar
mas sempre lhe mandam ficar
num quarto de quartel
com teto baixo
sem chance de ver o céu
nem uma estrela cadente
nem uma lua dormente
obrigam-lhe a estar num papel
mas
justiça
é um menino órfão
e travesso
que por vezes foge
de onde deveria estar
Raul Albuquerque
26/08/2013
Suas palavras foram quase cruéis de tão reais, mas o lirismo que você alcança fez dessas palavras um poema grandioso.
ResponderExcluirObrigado, Jorge! Eis o desafio: colocar poesia no apoético.
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