Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Menina da Lua


a Priscila Ribeiro

Desde tempos imemoriais,
contam-se histórias sobre princesas
que eram trancadas em torres
a esperar seus respectivos príncipes
- todos encantados.

Mas pouco fala-se de
uma menina que em noites cheias
subia as escadas da torre
e corria à sacada só para ver a lua.

Quase ninguém entendia,
mas toda noite ela subia.

Não esta esfera rochosa esburacada
que desfila silente em noites mornas
sobre algumas janelas fechadas,
mas o prato de prata
em que ela se via e
em torno do qual as galáxias
giravam sem parar.

Quase ninguém entendia,
mas toda noite ela subia.

Para ela, subir aquela escada

era como descer a um lago
e vislumbrar o céu da sacada
era ver todas as constelações
na água e
ao mínimo sinal do vento
as águas balançavam
fazendo dançar as estrelas.

Quase ninguém entendia,
mas toda noite ela subia.

Ver a lua era ouvir os ecos
que haviam se perdido
nos contratempos e nos atrasos
do dia. Ver a lua era sentir
os toques que passaram 
de raspão na estação central.
Ver a lua era fazer voltar
o cheiro de essências
deixadas no caminho. Ver
a lua era sentir o gosto
do prato não preparado
e da emoção ensaiada.

Ver a lua é ver-se.
Quase ninguém entende,
mas toda noite ela sobe.

Raul Albuquerque
19/07/2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário