a Priscila Ribeiro
Desde tempos imemoriais,
contam-se histórias sobre princesas
que eram trancadas em torres
a esperar seus respectivos príncipes
- todos encantados.
Mas pouco fala-se de
uma menina que em noites cheias
subia as escadas da torre
e corria à sacada só para ver a lua.
Quase ninguém entendia,
mas toda noite ela subia.
Não esta esfera rochosa esburacada
que desfila silente em noites mornas
sobre algumas janelas fechadas,
mas o prato de prata
em que ela se via e
em torno do qual as galáxias
giravam sem parar.
Quase ninguém entendia,
mas toda noite ela subia.
Para ela, subir aquela escada
era como descer a um lago
e vislumbrar o céu da sacada
era ver todas as constelações
na água e
ao mínimo sinal do vento
as águas balançavam
fazendo dançar as estrelas.
Quase ninguém entendia,
mas toda noite ela subia.
que haviam se perdido
nos contratempos e nos atrasos
do dia. Ver a lua era sentir
os toques que passaram
de raspão na estação central.
Ver a lua era fazer voltar
o cheiro de essências
deixadas no caminho. Ver
a lua era sentir o gosto
do prato não preparado
e da emoção ensaiada.
Ver a lua é ver-se.
Quase ninguém entende,
mas toda noite ela sobe.
Raul Albuquerque
19/07/2013
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