Ás vezes, nós usamos expressões cuja procedência nos é desconhecida... Expressões tão batidas que nós nem percebemos que são sutis metáforas. Muitas delas vêm desde o latim ou do português galego (ou galaico)...
O maior exemplo é a relação tempo-espaço, pois o espaço parece ser algo bem mais palpável que o tempo... Por isso dizemos “daqui a uma hora” ou “dentro de cinco minutos”, ou seja, falamos do tempo como uma estrada em que o espaço percorrido é o passado, o espaço por vir é o futuro e estamos caminhando no presente. A própria palavra “intervalo” é uma metáfora espaço-temporal, pois, em latim, vallum quer dizer estaca e intervalo quer dizer entre estacas... O contrário também ocorre quando dizemos “depois da esquina” ou “durante da rua”, chegando a uma isotopia entre “depois” e “além” ou entre “durante” e “em”.
As fontes de um jornalista são uma analogia às nascentes dos rios. Promover um evento é – literalmente – pô-lo para frente (pro: adiante). Quando alguém “sobe na vida” ou é um “alpinista social” faz-se uma na analogia à pirâmide da sociedade. A expressão estar “sob controle” ou “por cima” vem da ideia de que quem domina está em cima e o dominado está embaixo. “Centralizar poder” vem da ideia de que quem tem poder está no centro das decisões e das atenções. Desenvolver um texto ou um argumento é literalmente desenrolar (desarollar em espanhol), fazendo menção ao desenrolar de um rolo de pergaminho. Lavrar um documento tem direta ligação com a lavra da terra, por causa das tábuas de argila usadas na Antiguidade. Texto é concretamente tecido, produzido linha a linha como numa manufatura. Enredo é o que liga (enreda) os personagens como uma rede. Descobrir é tirar o que cobria um conhecimento de algo desconhecido. Revelar é retirar o véu do que estava oculto. Esclarecer é tornar claro qualquer fato obscuro. Expressar sentimento é realmente empurrá-lo para fora (ex: para fora; pressare: pressionar, empurrar). “Abrir a cabeça”, “Cabeça vazia” ou “Tirar da cabeça” faz referência ao latim em que testa quer dizer pote ou ao alemão em que Kopf (cabeça) quer dizer copo.
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