Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

sexta-feira, 24 de maio de 2013

"Bellísima" (de Eduardo Lizalde)




Ouça-me você, belíssima,
não suporto seu amor.
Olha-me, observa de que modo
seu amor me machuca e destrói.
Se fosse você um pouco menos bela,
se tivesse um defeito em algum lugar,
um dedo mutilado e evidente,
alguma coisa ríspida na voz,
uma pequena cicatriz junto a esses lábios

de fruta em movimento,
uma mancha na alma,
uma má pincelada imperceptível 
no sorriso...
eu poderia tolerar-te.

Mas tua cruel beleza é implacável,
belíssima;
não há ramo de repouso
em tua ferina luz
de estrela em permanente fuga
e desespera compreender
que ainda a mutilação te faria mais bela,
como a certas estátuas.

Poema de Eduardo Lizalde, grande poeta mexicano da atualidade.
Traduzido por Raul Albuquerque.

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