Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Do lado de fora


Estou do lado de fora
e nada parece mais doloroso 
agora.

Estou do lado de fora
e tudo o que é meu está lá 
dentro.

Estou do lado de fora
e nunca soube como é não estar 
dentro
- experimento hoje 
a purgante sensação 
de adão e eva 
expulsos do paraíso.

Estou do lado de fora
e tenho a chave para entrar,
mas quem chegou antes
- e nasceu antes e gerou
quem me gerou -
me causa medo,
repulsa e medo, 
arrepio e medo,
choro, soluços e medo.

Estou do lado de fora
e desabrigada após briga silenciosa
com quem não posso gritar.

Estou do outro lado da rua
olhando a casa que era minha
até que o passado gritou
e eu saí.

Estou do lado de fora
e o sol castiga
- mas não mais que aquelas palavras.

Estou do lado de fora
e uso os escuros óculos
- que não obscurecem 
meu afônico desespero -
e ponho os fones de ouvido
- que não suplantam
as retumbantes vozes que 
gritam passados e inverdades -
e decido ler um livro
- mas não passo do 
primeiro capítulo,
pois o que se me passa
é o terror que vivo
(censura: 18 anos).

Estou do lado de fora
e só entro, se alguém for comigo;
e só entro, se alguém for à minha frente;
e só entro, se os céus agirem.

Se chover,
continuo do lado de fora.

Estou do lado de fora

e nada parece mais doloroso 

agora.

Raul Albuquerque
(para Thaís Gomes)
24/04/2013

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