a vida é o caudaloso rio
que cai a conta-
-gotas
e cada amor é como
um verão
ou como qualquer estação
de metrô em que
o ruído é feito de infinitas vozes
como o murmúrio do mar
vem do mármore
e das marés (leiam-se lágrimas)
vem do cárcere
e dos campos (leiam-se fábricas)
em todo lugar se pode ouvir o mar
porque está o mar em todo lugar
cada adeus é braço de mar
oceano a desaguar na gente
que chora e lava os pecados
que salgam o mar até que
tudo seja novo céu e nova terra
mas hoje sou apenas
um braço atrofiado de mar
não sei ser rio
porque falta doçura
Raul Albuquerque
12/março/2014
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