senhora
o que escreveram em ti
me é ilegível:
caracteres antigos
verdadeiros arcaísmos
não entendo o que te disseram
(e o que vislumbro
é tão absurdo
que prefiro negar)
nos teus olhos inconstantes
(ainda que belos)
vejo cidadelas
fortificações antigas
e minhas falas
vêm de cidades suplantadas
muros cobertos de relva nova
meus velhos muros
hoje são puro verdor
e ver dor purifica
teu cansaço
parece gozo
e teus raros
carinhos
bem caros
são dores
indolores
a anestesia
é pura
sensação
de alegria
arredia
o teu nome eu nem lembro
mas se tua prisão é florida
e já vês o fim da tua vida
vai, que já passou setembro.
Raul Albuquerque
31/10/2013
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