Restos de um espelho mudo
têm pouco - ou nada - a mostrar.
Os que, um dia, refletiam tudo
ficam opacos e param de brilhar.
Vitrais quebrados resultam em nada
e geram cortes - superficiais ou profundos.
Sei disso, mas sigo jogando pedras da sacada
para que elas acabem unindo estes mundos
- o meu, o teu e o arruinado pela granada,
a granada da certeza que mora no poço sem fundo.
Grãos de militância vã
dissolvem-se na realidade
- e no prazer da manhã
que exibe beleza sem vaidade.
Cacos de sono espalham-se
num chão de cobranças e delírios,
enquanto os ventos calam-se
na noite sem cores nem colírios.
Cansados de esperar o sono vir,
garotos gritam seus desejos,
ousam usar seus sonhos para cair,
cair de uma vez em seus lampejos.
Homens gritam as suas vergonhas
e declamam suas rimas incompletas.
Eles sonham com o que tu sonhas
Deixe. Deixe-os, eles são poetas.
Raul Cézar de Albuquerque
16/07/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário