Entre a musicalidade simbolista e a liberdade modernista, Cecília Meireles surge com sua marca poética na segunda geração do Modernismo Brasileiro. Sua (aparente) simplicidade encanta qualquer que lê seus textos. Entre o tratado filosófico e a carta de amor, Cecília encontra seu lugar confortável para escrever. Os termos por vezes rebuscados contrastam com a beleza do simples e do comum. Quase inclassificável, ela conseguiu ser puramente poetisa longe de escolas e de tendências... De longe te hei-de amar:
De longe te hei-de
amar
- da tranquila
distância
em que o amor é
saudade
e o desejo,
constância.
Do divino lugar
onde o bem da
existência
é ser eternidade
e parecer ausência.
Quem precisa explicar
o momento e a
fragrância
da Rosa, que persuade
sem nenhuma
arrogância?
E, no fundo do mar,
a Estrela, sem
violência,
cumpre a sua verdade,
alheia à
transparência.
Cecília Meireles, em
'Canções'
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