"O Poeta se compara ao príncipe das alturas/ que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;/ exilado no chão, em meio à turba obscura,/ as asas de gigante impedem-no de andar." (Poema "L'albatros", ou "O albatroz")
Sem deixar o cenário
baudelairiano, decidi falar um pouco sobre esse trecho do poema II do livro
"As Flores do Mal".
Primeiro, uma pergunta: Como
Baudelaire acha essas imagens?
- Como diria o grande
Patativa do Assaré: "Pra gente aqui sê poeta/ E fazê rima
compreta,/ Não precisa professô;/ Basta vê no mês de maio,/ Um
poema em cada gaio/ E um verso em cada fulô."
Depois, uma reflexão: Ele
está certo. Assim como as asas do albatroz ajudam-no a voar, mas não o deixam
andar, o que faz o poeta ser poeta ajuda-o a alcançar as alturas da escrita,
mas atrapalha-o na vida comum. Baudelaire sabe bem disso, como muitos, foi um
gênio incompreendido - e pior, censurado.