Tenho medo que te tornes apenas palavras amarelecidas, menina, Clara. Tenho medo do tempo te apagar de mim, como apaga as letras douradas das capas de livros antigos. E tenho outros medos.
Mas não quero escrever uma elegia. Hei de te escrever uma ode.
Tu eras de mãos nuas num tempo de mãos que empunhavam estandartes. Tuas mãos amavam. Sei por que fui amado por elas. E fui amado também pelo teu sono. Teu nome poderia ser Clarice, mas foste Clara, como a água é clara na alva, como tua fala era clara.
Tu não foste apenas um nome, Clara. Foste Clara e, na tua clareza, cabiam mais de sete luas, além da nossa partitura e da leveza dos solstícios.
_Calícamo.
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