Bem-Vindo ao Estação 018!


Seja bem-vindo ao "Estação 018"! Um blog pouco reticente, mesmo cheio destas reticências que compõem a existência. Que tenta ser poético, literário e revolucionário, mas acaba se rendendo à calmaria de alguns bons versos. Bem-vindo a uma faceta artística do caos... Embarque sem medo e com ânsia: "Estação 018, onde se fala da vida..."

domingo, 11 de março de 2012

Ode ao Dia Feliz (de Pablo Neruda)



Desta vez deixa-me
ser feliz,
nada passou a ninguém,
não estou em parte alguma,
acontece somente
que sou feliz
pelos quatro lados 
do coração, andando
dormindo ou escrevendo.
O que vou fazer-te, sou
feliz.
Sou mais inumerável
que o pasto
nas pradarias,
sinto a pele como uma árvore rugosa
e a água abaixo,
os pássaros acima, 
o mar como um anel
em minha cintura,
feita de pão e pedra a terra
o ar canta como um violão.


Tu ao meu lado na areia,
és areia,
tu cantas e és canto,
o mundo
é hoje minha alma,
canto e areia,
o mundo
é hoje tua boca,
deixa-me
em tua boca e na areia
ser feliz,
ser feliz porque sim, porque respiro
e porque tu respiras,
ser feliz porque toco
teu joelho
e é como se tocasse
a pele azul do céu
e seu frescor.


Hoje deixa-me
a mim só
ser feliz,
com todos ou sem todos,
ser feliz
com o pasto
e a areia,
ser feliz
com o ar e a terra, 
ser feliz,
contigo, com tua boca,
ser feliz.


Poema "Oda al día feliz" de Pablo Neruda.
Escrito em 28.11.2012 em Isla Negra.
Publicado em "Odas elementales", em 1954.
Fielmente traduzido por Raul Cézar de Albuquerque.

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