Amávamos Clara como se a vida dela dependesse desse amor - ou como se nossas vidas dependessem do amor à vida dela. Então não sabíamos se era um amor altruísta ou egoísta. Sabíamos apenas que era amor.
Clara era embaixatriz de alguma casta universal de ninfas, menina de recados de algum deus olímpico, epifania, terremoto. Quando abria a boca, não sabíamos se era voz humana ou flauta doce de zéfiro.
Dói-nos saber que os deuses a chamaram de volta, deixando-nos apenas a lembrança monocromática. A imagem de sua beleza clássica ainda nos acorda pelas madrugadas e ainda inspira nossas árias.
Dormimos com as janelas abertas, porque talvez um dia sua voz deseje voltar para nos ninar numa noite fria e inquieta.
_ Bardo
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