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Caio F. Abreu |
Emerge no cenário da produção literária brasileira, um certo Caio Fernando Abreu... um poeta de íntima relação com os versos, detentor de um conhecimento e vocabulário invejáveis, capaz de dirigir-se ao leitor sem saber o nome... como o posso definir... Ele é Tocante.
Tocante no sentido mais palpável da palavra. O seu contato com o leitor vai além da relação artista-consumidor.
Seus versos merecem a admiração e a atenção que recebem hoje... gosto do seu estilo, embora não caia de joelhos diante de um poema seu.
Se é possível fazer uma critica sem ser linchado... acho que seus versos beiram a pieguice, às vezes a carência, outras o desespero... mas que poeta nunca foi piegas?
Uma outra crítica... fugir do contexto para dar tom de loucura... uma novidade? não!
Um texto de Caio Fernando:
Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. (…)
Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para falar, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como – eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. (…)